;Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos, sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes, guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer, Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.
Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos .Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte ".Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoerista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de prof. de capoeira ,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia .Segundo Mestre Pastinha , sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "A capoeira tem muitas coisas. Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte: tem seu dicionário e quarta parte; tem seu dicionário".
Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheco a capoeira, a capoeira é isso.Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."
Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos.Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.
Vicente Pastinha, foi filmado, fotografado , entrevistado, gravou disco e deixou um livro , a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira d'Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia , o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941.Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus , pandeiros e agogôs e principalmente , com os jogos que lá rolavam. Por fim, foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá , seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.O Mestre Pastinha não voltou, morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.
CAPOEIRA MESTRE BIMBA;
De 1890 a 1937, a Capoeira foi um crime previsto pelo Código penal da República. Simples exercícios na rua devem até seis meses de prisão. Nesse Ambiente hostil, as escolas de capoeira sobreviveram clandestinamente nos subúrbios.
Foi para reverter esse quadro que o baiano Manoel dos Reis Machado, um angoleiro forte e valente conhecido como Mestre Bimba inventou uma nova capoeira.
Teve o cuidado de tirar a palavra do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o Centro de Cultura Física e Regional. Filho de um campeão de batuque uma espécie de luta-livre comum na Bahia do século XIX, juntou a técnica do boxe e do jiu-jitsu e criou um método de ensino.
Para fugir de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o em pé, criou um código de ética rígido, que exigia até higiene, estabeleceu um uniforme branco e se meteu até na vida dos alunos.
"Para treinar com meu pai era preciso provar que estava trabalhando ou mostrar o boletim do colégio", conta Demerval dos Santos Machado, conhecido como "Formiga" nas rodas de capoeira, e organizador da Fundação Mestre Bimba, ao lado do irmão, Mestre Nenéu.
O resultado é que a partir daí, a capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca e também a se dividir. Até hoje angoleiros e regionais criticam-se mutuamente, embora se respeitam. Os angoleiros se dizem guardiões das tradições, os regionais já acham que a capoeira deve "evoluir".
Com isso, Bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas. "Meu pai falava de uma capoeira chamada Maria doze homens, mas era exceção", diz Nenéu, Mestre Curió confirma: "Dos anos 40 para o 50, poucas mulheres jogavam".
ZUMBI : O mestre da resistência
Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.
Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.
O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.
Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.
MADAME SATÃ
O Pernambucano João Francisco dos Santos (1900-1976), o mítico Madame Satã, era uma espécie de bandido chique. Dizia ser filho de Iansã e Ogum e devoto da cantora americana Josephine Baker. Homossexual assumido em plenos anos 30, ele reinava como camareiro, cozinheiro, transformista, leão-de-chácara e ladrão no submundo da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Negro, pobre e analfabeto, João dos Santos ganhou o apelido de Madame Satã por causa de uma fantasia que usou no bloco carnavalesco Caçadores de Veados em 1942.Madame Satã foi especial pela infinita capacidade de transformação. Nunca aceitou um único papel. Homossexual, se vestia com o chapéu de panamá e linho apurado de bom malandro, a despeito das sobrancelhas feitas. Jamais admitiu homem se casar com homem e chegou a ter rumorosos casos com meninas de 12 anos. Lutador, viveu quase 28 anos preso em lendária tranqüilidade. Negro, usava os cabelos longos e alisados e comprava briga para ir aonde bem entendesse.
Para entender quem foi Madame Satã, é preciso compreender quem foi João Francisco dos Santos e o que foi a Lapa dos anos 30, território-livre da malandragem que resistiu ao bota-abaixo do Centro do Rio, promovido pelo prefeito Pereira Passos. O desmanche de morros, a abertura de avenidas e a demolição de cortiços foi uma tentativa de assepsia da capital federal que, no início do século 20, contava com 800 mil habitantes, 200 mil deles desocupados de todas as espécies, de baleiros a biscateiros, desempregados, rufiões, prostitutas e jogadores de capoeira, entre eles o próprio João dos Santos.
Foi nesse tipo de ambiente que surgiu Madame Satã. Vinte anos depois da Abolição, o menino trabalhava como escravo em Itabaiana, na Paraíba, antes de fugir para o Rio. Depois passou para as mãos de Catita, uma cafetina de 180 quilos que comandava um dos bordéis mais animados da cidade e tornou-se freqüentador de célebres bares e cabarés da mitologia carioca: Colosso, Capela, Imperial, Bahia, Apolo, Royal Pigalle, Viena Budapest, Casanova e Cu da Mãe. Era um tempo de uma marginalidade pré-industrial, com raras armas de fogo, quando um negro forte podia criar fama no tapa e na navalha, antes de se lambuzar com um "boneco" de cinco gramas de cocaína comprado na farmácia mais próxima.
Ao todo, João Francisco contabilizou 27 anos e oito meses de cadeia, 29 processos, 3 homicídios e cerca de 3 mil brigas. Ágil lutador de capoeira e mestre no manuseio da navalha – contam que ele sempre trazia uma presa na sola do sapato –, Madame Satã só recorria ao revólver em situações extremas, a exemplo da vez em que desfechou um tiro num soldado, na esquina da rua do Lavradio com a avenida Mem de Sá. Na famosa entrevista concedida ao histórico tablóide O Pasquim, em 1976, com seu deboche habitual o malandro afirmou ter sido preso injustamente, alegando que a arma disparara de forma casual. “A bala fez o buraco, quem matou foi Deus”, afirmou. Dizia que não brigava, se defendia
manduca da praia
mandigueiro era manduca da praia
No Recife, os "moleques de banda" saíam à frente do desfile de bandas no carnaval.
Onde duas bandas se cruzavam - a do Quarto e a do Espanha eram das mais famosas -, era
inevitável a violência e o derramamento de sangue. Os pulos e a ginga destes capoeiristas
foram, mais tarde, transformados no passo144_, a dança executada ao som do frevo.
De todos os valentes que deixaram nome na história do carnaval de Recife - Jovino
dos Coelhos, Nicolau do Poço, João de Totó - , Nascimento Grande era o mais temido.
Alguns dizem que foi morto durante a perseguição policial; outros - como o saudoso mestre
Mucungê - afirmam que ele fugiu para o Rio onde viveu até a velhice.
José Antonio do Nascimento foi o mais famoso, invencível e popular valentão do
Recife, na última década do século XIX e cinco primeiros lustros do século XX. Ele era
conhecido como "Nascimento Grande".
Nascimento Grande nunca perdeu uma luta. E nem recusou alguma. De alta estatura,
corpulento, chegando a ter 130 quilos, morenão, bigodes longos, muito cortês e maneiroso,
usava, invariavelmente, chapelão desabado, capa de borracha dobrada no braço (usada
como defesa contra arma branca?) e a célebre bengala de quinze quilos, manejada como se
pesasse quinze gramas e que ele chamava de "a volta"... Honesto, porém protegido dos
chefões políticos... Muitos afirmavam que ele tinha o "corpo fechado" e que trazia pendurado
ao pescoço um amuleto, contendo pedacinho do "Santo Lenho"... Tais façanhas acirravam o
ódio dos adversários de Nascimento Grande e não foram poucos os que tentaram matá-lo,
entre eles dois dos mais perigosos, Corre Hoje e Antonio Padroeiro.
O primeiro, mesmo ajudado por sete capangas, foi abatido por Nascimento com um
tiro de pistola; o segundo, Antonio Padroeiro, depois de desarmado, morreu de tanto
apanhar.
Atacado, certa vez, por Pajéu, conhecido malfeitor do bairro São José, tomou-lhe a
peixeira em dois segundos, deu-lhe uma surra e vestiu o agressor com roupas de mulher,
sob gargalhadas do público. Encurralado, depois, num beco sem saída por dez soldados,
trepou num telhado baixo e de lá saltou sobre a patrulha. Com violentos golpes de bengala,
botou os soldados para correr... Nascimento Grande morreu de velho, aos 90 anos
A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu, com o mestre Alípio, os segredos da capoeira na rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua facilidade em desaparecer quando a hora era para tal.
Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuídos. Diziam que não gostava da polícia (que diversas vezes frustrou-se ao tentar prendê-lo), que tinha o "corpo fechado" e que balas e punhais não podiam feri-lo. Certa época, quando Besouro trabalhou numa usina, por não receber o ordenado, segurou o patrão pelo cavanhaque e o obrigou a pagar o que lhe devia.
As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira Um fazendeiro, conhecido por dr. Zeca, após seu filho Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada, mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazenda Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e que esclarecia que o portador era a vítima, ou seja, ele próprio. Assim, no dia seguinte, ao voltar para saber a resposta, quarenta soldados o estavam esperando. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe nas costas com uma faca de tucum (ou ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem de corpo fechado.
manduca da praia
Manduca da Praia, homem de negócios, respondeu a 27 processos por ferimentos graves e leves, sendo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e de amigos.
Era pardo claro, alto, reforçado, usava barba grisalha. Sua figura inspirava temores para uns e confiança para outros. Vestia-se com decência, chapéu na cabeça, usava um relógio que era preso por uma corrente de ouro, casaco grosso e comprido que impressionava as pessoas com seu porte, usava como arma uma bengala de cana-da-índia e a ele deviam respeito.
Certa vez na festa da Penha brigou com um grupo de romeiros armados de pau, ao final da briga deixou alguns inutilizados e outros estendidos no chão, entre outras brigas e confusões. Ganhava bastante dinheiro, seu trabalho era uma banca de peixe que tinha no mercado, vivia com regalias e finais de semana saia para as noitadas.
Morador da Cidade Nova, era capoeira por conta e risco assim disse Nulo Moraes. Manduca não participava da capoeiragem local, não recebia influência nem visitava outras rodas, pode-se dizer que ele era um malandro nato. Manduca da Praia conquistou o título de valentão, subestimando touros bravos, que sobre os quais saltava quando era atacado.
Por volta de 1850, Manduca "iniciou sua carreira de rapaz destemido e valentão, dotado de enorme força física e "destro como uma sombra", Manduca cursou a escola de horários integral da malandragem e da valentia das ruas do Rio de Janeiro na época de perigosos capoeiras como, Mamede, Aleixo Açougueiro, Pedro Cobra, Bemetevi e Quebra Coco. Desde cedo destacou-se no uso da navalha e do punhal; no manejo do petrópolis - um comprido porrete de madeira-de-lei, companheiro inseparavel dos valentões da época - na malícia da banda e da rasteira; e com soco, a cabeçada e o rabo de arraia tinha uma intimidade a toda prova. Tinha algo que o destacava e diferenciava de seus contemporâneos - facínoras, valentes e rufiões - fazendo que se tornasse uma lenda viva, e mais tadre um mito cantado e celebrado até os dias de hoje:uma inteligência fria, calculista e implacável; uma sede de poder, de status e de dinheiro; tudo isso aliado a uma visão de comerciante e de homens de negócios. Fez fama e dinheiro. Foi famoso temido e respeitado.
mandigueiro era manduca da praia
No Rio de Janeiro, a minha memoria nao falha,
O melhor capoeira foi Manduca da Praia
O melhor capoeira foi Manduca da Praia
No Rio de Janeiro, a minha memoria nao falha,
O melhor capoeira foi Manduca da Praia
O melhor capoeira foi Manduca da Praia
Mandingueiro era Manduca da Praia
Mandingueiro era Manduca da Praia
Le le le le le le le le la la la la
Le le le le le le le le la la la la
Comecou sua carreira la no lavadinho,
Dentro do curral com touro bravio,
Homem de negocios da freguesia de Sao Jose,
Tinha uma banca, uma banca de peixe,
La no mercado perto do seu ze,
Manduca da Praia era homem brigao,
Alto parto, forte e valentao,
Feriu muita gente, leve e suavemente,
De todos processos, ele se safou, mandingueiro!
Dentro do curral com touro bravio,
Homem de negocios da freguesia de Sao Jose,
Tinha uma banca, uma banca de peixe,
La no mercado perto do seu ze,
Manduca da Praia era homem brigao,
Alto parto, forte e valentao,
Feriu muita gente, leve e suavemente,
De todos processos, ele se safou, mandingueiro!
Mandingueiro era Manduca da Praia
le le le le le le le le la la la la
le le le le le le le le la la la la
nascimento grande
nascimento grande
No Recife, os "moleques de banda" saíam à frente do desfile de bandas no carnaval.
Onde duas bandas se cruzavam - a do Quarto e a do Espanha eram das mais famosas -, era
inevitável a violência e o derramamento de sangue. Os pulos e a ginga destes capoeiristas
foram, mais tarde, transformados no passo144_, a dança executada ao som do frevo.
De todos os valentes que deixaram nome na história do carnaval de Recife - Jovino
dos Coelhos, Nicolau do Poço, João de Totó - , Nascimento Grande era o mais temido.
Alguns dizem que foi morto durante a perseguição policial; outros - como o saudoso mestre
Mucungê - afirmam que ele fugiu para o Rio onde viveu até a velhice.
José Antonio do Nascimento foi o mais famoso, invencível e popular valentão do
Recife, na última década do século XIX e cinco primeiros lustros do século XX. Ele era
conhecido como "Nascimento Grande".
Nascimento Grande nunca perdeu uma luta. E nem recusou alguma. De alta estatura,
corpulento, chegando a ter 130 quilos, morenão, bigodes longos, muito cortês e maneiroso,
usava, invariavelmente, chapelão desabado, capa de borracha dobrada no braço (usada
como defesa contra arma branca?) e a célebre bengala de quinze quilos, manejada como se
pesasse quinze gramas e que ele chamava de "a volta"... Honesto, porém protegido dos
chefões políticos... Muitos afirmavam que ele tinha o "corpo fechado" e que trazia pendurado
ao pescoço um amuleto, contendo pedacinho do "Santo Lenho"... Tais façanhas acirravam o
ódio dos adversários de Nascimento Grande e não foram poucos os que tentaram matá-lo,
entre eles dois dos mais perigosos, Corre Hoje e Antonio Padroeiro.
O primeiro, mesmo ajudado por sete capangas, foi abatido por Nascimento com um
tiro de pistola; o segundo, Antonio Padroeiro, depois de desarmado, morreu de tanto
apanhar.
Atacado, certa vez, por Pajéu, conhecido malfeitor do bairro São José, tomou-lhe a
peixeira em dois segundos, deu-lhe uma surra e vestiu o agressor com roupas de mulher,
sob gargalhadas do público. Encurralado, depois, num beco sem saída por dez soldados,
trepou num telhado baixo e de lá saltou sobre a patrulha. Com violentos golpes de bengala,
botou os soldados para correr... Nascimento Grande morreu de velho, aos 90 anos
Besouro mangangá
A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu, com o mestre Alípio, os segredos da capoeira na rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua facilidade em desaparecer quando a hora era para tal.
Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuídos. Diziam que não gostava da polícia (que diversas vezes frustrou-se ao tentar prendê-lo), que tinha o "corpo fechado" e que balas e punhais não podiam feri-lo. Certa época, quando Besouro trabalhou numa usina, por não receber o ordenado, segurou o patrão pelo cavanhaque e o obrigou a pagar o que lhe devia.
As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira Um fazendeiro, conhecido por dr. Zeca, após seu filho Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada, mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazenda Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e que esclarecia que o portador era a vítima, ou seja, ele próprio. Assim, no dia seguinte, ao voltar para saber a resposta, quarenta soldados o estavam esperando. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe nas costas com uma faca de tucum (ou ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem de corpo fechado.